Abrindo mato a facão
No primeiro episódio de @ecohistoras após as enchentes de 2024, recebemos a Greenga, comunicadora e empreendedora socioambiental, que fala sobre a influência da IA na produção de conteúdo
Semana passada realizei uma entrevista para lá de descolada para o podcast @ecohistorias, um projeto que, como vocês já sabem, investiga a relação entre comunicação, sustentabilidade e inteligência artificial.
Neste primeiro episódio gravado após as enchentes de maio de 2024 no Rio Grande do Sul, chamei a Paola Salerno Troian, ou simplesmente, a Greenga. Ela é ativista da justiça climática, comunicadora e empreendedora e conversou comigo sobre esses temas que orbitam nosso universo particular e comum: produção de conteúdo, catástrofe ambiental, posicionamento, consumo, tendências da internet e comportamento humano.
Quando ela começou a se posicionar sobre o tema do consumo consciente na internet, muito pouco ainda se falava sobre o assunto. Por isso, teve que ir “abrindo o mato a facão”, como ela mesma diz. Neste período de menos de uma década, muita coisa mudou no processo de produzir conteúdo, e um dos principais fatos foi a chegada da inteligência artificial.
O cavalo vegano só passa encilhado uma vez. Não quero que ninguém mais passe pelo que estamos passando. Precisamos parar a ebulição global o quanto antes, é um dever e um direito de todos nós (...).
Abrindo a caixa de pandora da Greenga, Paola nos conta sobre como usa a IA para produzir seus conteúdos, o desafio do engajamento sem perder a credibilidade e a necessidade de agir de forma coletiva. “É muito fácil falar para mulheres sobre questões de ciclos. Nos últimos anos a minha maior missão tem sido falar com a ‘homarada’. A gente precisa furar a bolha, esse é o meu maior desafio hoje”, revela.
Outra percepção da Greenga é que dado frio não aquece os corações – “as pessoas gostam mesmo é de consumir a tragédia”, diz. Quando aborda temas ligados a solução, sente que é mais complicado atrair atenção dos internautas, falando sobre micropolítica, projetos voluntários, mudança de mentalidade. Por isso ela tem usado de estratégias narrativas mescladas a dados econômicos, para mostrar ao mundo que ‘o negacionismo climático é burro, economicamente falando’.
Ao final da conversa, ela analisa a democratização da tecnologia para discussões climáticas mais inclusivas e encerra a conversa com uma chamada para a ação. “O cerco fechou, galera. Agora é hora de começarmos a nos organizar, ainda dá tempo, mas não dá pra esperar muito. O cavalo vegano só passa encilhado uma vez. Não quero que ninguém mais passe pelo que estamos passando. Precisamos parar a ebulição global o quanto antes, é um dever e um direito de todos nós (...). Não é uma tarefa fácil, mas também não precisa ser uma tarefa solitária”.
Uma honra sem tamanho participar dessa conversa e da história do podcast da @ecohistorias . Lara é uma jornalista absolutamente sensível e sagaz. Vida longa ao projeto e as histórias tão necessárias que dão um quentinho no coração e na nossa esperança.